
Continuemos com o básico então!
Identifique o tipo da Criança
Algumas são mais ativas e precisam de atividade externa, de preferência que possam correr descalças e aterrar suas energias. Crianças assim precisam estar fisicamente cansadas para estar disponível ao contato (o mesmo acontece para dormir bem).
Outras são mais delicadas e sensíveis e se tornam mais acessíveis em ambientes fechados, que guardam relação com proteção e previsibilidade. Também precisam de uma configuração de “ninho” para dormir bem.
Material de apoio
Caso queira inserir algum objeto ou brinquedo, desaconselho que sejam muitos ao mesmo tempo, o que leva à dispersão.
Desaconselho objetos eletrônicos, que fazem tudo no automático e colocam a criança na passiva postura de plateia. Resgatemos o simples: uma bola; caixas de papelão vazias de vários tamanhos...
“Se há na sala muitos objetos diferentes, as crianças, em sua avidez de explorá-la, passam sem cessar de um objeto a outro sem conseguir fixar sua escolha e atenção para estruturar uma atividade mais ou menos continuada.” ⁽*⁾Sua postura
Nos primeiros contatos com a criança, procure não intervir, procure ser cúmplice, busque descobrir o que interessa à criança, a individualidade da sua vivência presente.
Você, adulto! Desconfie de suas reações instintivas, suas carências, sua necessidade de projetar sua superioridade sobre a criança. Indico o livro que listo no rodapé deste texto.
Exemplo de carência
A avó viajou 600km para chegar em Curitiba e visitar o único neto. Quando chega diz já de entrada:
_Você lembra de mim?Como se não bastasse, na partida temos a pérola:
_Diga que me ama!Agora eu pergunto: a criança precisa desse tipo de coisa?
Como você quer educar uma criança segura e autônoma se você ainda não o é, se você ainda não venceu sua “Guerra Interior” (veja em pazguerreira.com.br)?
Exemplo de projeção de superioridade
Um rapaz foi visitar uma família e se deitou no chão da sala para brincar com Gean (2 anos de idade) que estava se divertindo no meio de uma pilha de lençóis e toalhas que rapidamente espalhou pelo chão.
Não vou seguir em frente com o exemplo sem ressaltar que até aqui o rapaz merece nota dez. Deitou-se no chão, colocou-se fisicamente disponível à criança ao invés de censurar a bagunça e rapidamente empilhar os tecidos com cara de censura.
Sigamos com o exemplo:
Gean empurra o rapaz nos tecidos dizendo:
_Eu estou jogando você no mar!E o rapaz responde:
_Felizmente sei nadar!...Perceba que o “ intruso” (o rapaz) não se deu conta de sua angústia de morte inconsciente, da qual ele se defende recusando o “afogamento”. Ele não corresponde, não se coloca permissivo ao desejo da criança de “afoga-lo”. Ele anula assim, o desejo da criança, onde adiante poderiam brincar de afogamento nos tecidos e morte... Até que a criança “acordasse”, assumindo um novo desejo. O desejo de reaparecimento.
Cabe aqui mais um exemplo?
Gean cobre o “intruso” com os tecidos para que desapareça.
O adulto se descobre imediatamente, dizendo:
_Achou!Novamente reproduz o mecanismo de defesa contra sua angústia inconsciente e não permite à criança a experimentação de situações diferentes. Este ”intruso” não estava disponível às fantasias da criança.
Como você vai educar um inventor se não permite à criança arriscar-se em novas experiências?
- Como você vai educar um líder se não permite à criança liderar?
- Como você vai educar um articulador se não permite à criança a experiência de encontrar uma saída?
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* Do Livro "O Adulto diante da Criança de 0 a 3 anos” , autores André Lapierre e Anne Lapierre – Editora UFPR
Agradeço ao bom amigo Yiuki Doi pelo livro que me presenteou e adiante disso , agradeço sua presença em minha vida. Ter você por perto é sempre um presente!
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